A leitura do artigo do antropólogo Pedro de Niemeyer Cesarino sobre a poesia produzida por povos indígenas das Américas provocou a inserção de um novo elemento em minha pintura: a escrita.
São fragmentos de poemas guaranis, cantos xamânicos marubos da Amazônia Ocidental e também trechos do longo texto mítico Popol Vuh, escrito pelo maias-quiché da Guatemala.
Um tipo de apropriação que me proporcionou sobretudo um auto-convite ao silêncio das palavras adicionado ao silêncio da pintura; por isso introduzi os fragmentos com uma certa delicadeza.
Os elementos pictórico e poético, juntos, um no outro, ora sutis, ora revelados. A Palavra no volume das sombra, sem promover lutas e abismos, desvelada na intimidade da matéria é o Verlerouvir; um quarto sentido, uma oportunidade de convivência, o som do verso (fonia) unindo dois mundos, com formas distintas, num mesmo universo.
A tentativa, efêmera que seja, de encurtar a longa distância que nos separa desse homem que ainda distinguimos, erroneamente, como ingênuo e primitivo.
Denize Torbes
10 de set. de 2009
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